
Em literatura há um elitismo baboso que beira o gesto repugnante. Pelas Redes Sociais, vejo o aspirante a escritor “famoso” e o autor profissional acompanhando e curtindo somente o outro autor que pareça midiático ou com alguma referência que indique status dentro da sociedade; há também o puxa-saco dos medalhões do universo acadêmico. Por aí vai. É um território de subalternos e mestres. Talvez eu esteja amargo, mas não comungo com esse círculo. Aqui existe o fascínio medíocre por títulos, por prêmios, por posição social. Não, não vou por aí.
Passei a minha vida em universidades, a experiência acadêmica é imprescindível, mas também é capaz de nos envolver em uma peculiar alienação. Sem o propósito de generalizar, guardo a percepção de que no Brasil mestrado e doutorado muitas vezes servem como adornos para jegues com boa dicção, convivemos com isso diariamente nas manifestações da nossa aristocracia. Infelizmente, a visibilidade pessoal nasce dessas referências decorativas, nos privando de conhecer o mundo além da vitrine. A vaidade empobrece. O servilismo cultural nos emburrece. Uma pena, uma pena…
Já enviei livros que escrevi para muita gente, como cortesia. Raríssimas vezes acadêmicos, críticos ou escritores me ajudaram a divulgar ou fizeram qualquer comentário comigo. Geralmente, quem comete a gentileza de indicar e comentar o que escrevo são atores, profissionais de teatro, pintores, fotógrafos, professores, leitores, etc. Escritores? Acadêmicos? Nunca. Por quê? São os que menos leem outros escritores. Podem carregar títulos e prêmios, mas não cultivam generosidade intelectual. A vitrine é o espelho do egoísmo, da futilidade, do ego. Não, não vou por aí. Ofereço meus livros a quem tiver interesse, mas não faço questão que Mephisto seja meu leitor.
Bravo.. e perfeito para o momento, bajulação e mediocridade andam de mãos dadas…
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