Se no Brasil ainda existissem espaços na grande mídia que não iluminassem somente apadrinhados, compadres e uns poucos privilegiados, talvez o meu livro chegasse longe;

Se no Brasil ainda existissem espaços na grande mídia que não iluminassem somente apadrinhados, compadres e uns poucos privilegiados, talvez o meu livro chegasse longe;
Sempre cortei o cabelo no mesmo lugar da Tijuca, desde que me entendo por gente. Um salão simples, no melhor miolo tijucano. Presenciei gerações de
𝗠𝗲𝘂 𝗽𝗮𝗶 𝗳𝗮𝗹𝗲𝗰𝗲𝘂 𝗵𝗮́ 𝘀𝗲𝗶𝘀 𝗺𝗲𝘀𝗲𝘀, 𝘂𝗺𝗮 𝗱𝗼𝗿 𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗶𝗻𝗱𝗮 𝘃𝗶𝗯𝗿𝗮. Seu velório foi tão triste quanto a sua saída de cena. Além de mim,
Estive pela primeira vez em uma psicóloga. Decidi ir motivado por amigos, para tentar compreender e diluir as ondas de depressão e ansiedade que me
Existem profissões que se misturam com a cidade, com sua história, com suas paisagens e habitantes. Com certeza, o táxi representa uma dessas profissões, não
Vivemos um tempo de perdas sequenciais que nos empurram a quedas emocionais incessantes. Estamos numa montanha-russa, experimentando a tragédia ininterrupta e inesperada de uma roleta-russa.
Brasil, um círculo do Inferno
Ademar tinha no sexo a derradeira aventura de sua vida e esta crônica é um capitulo do seu crepúsculo.
O sucesso é um conceito que nos remete a alguma virtude exclusiva de quem o alcança. No passado pode ter sido assim, mas os novos tempos reviraram as ideias.
Trancado em casa, a minha criatividade se vê contraída pelas paredes, portanto relevem qualquer reflexão repetitiva. A leitura é um esteio, um cajado em dias de treva.
Quarentena é acordar todos os dias sentindo-se como o Bill Murray no filme Feitiço do Tempo. Na rotina de penitenciária, os momentos mais gratificantes são os passeios pelo banheiro de casa.
Enfurnados em casa ou desamparados nas ruas, estamos todos preferindo o cárcere privado à exposição que pode causar consequências imprevisíveis. Nosso carcereiro é um vírus que nos confrontou com a perspectiva da morte, com a nossa fragilidade e impotência. A cada novo despertar, precisamos nos convencer que a ameaça é real, apesar de invisível.
Início dos anos 90, Copacabana pulsava com toda a sua opulência erótica. Boates, galerias, bares, praças, a vida noturna no regime mais democrático que havia no Rio. Eu costumava despencar da Tijuca ao Posto 6 para caminhar, ver gente, entrar em algum botequim e algumas vezes conviver com a fauna mundana que habitava a Discoteca Help, na Avenida Atlântica. Lembro dessas noites como flashs de luz ofuscando meus olhos.
Qualquer um irá considerar bizarro se eu disser que esperava cair nesta situação. É verdade, antecipei o meu próprio infortúnio e sabia quando ele começaria a se desenhar. Morre pai, morre mãe, a família se fragmenta, o desemprego, perde-se o pouco patrimônio, ganha-se dívidas impagáveis. Resta aquela que é o único acolhimento possível: a rua.
Há em todos nós um bajulador incontido e obsessivo. Porém, o brasileiro não é sabujo de qualquer um, é preciso que ele identifique algum lastro de nobreza que faça valer o esforço. Se olha para baixo, o brasileiro sente um irrefreável impulso de cuspir na cabeça da plebe; mas caso seja obrigado a olhar para cima, ele lambe os pés alheios com a saliva eufórica do cão que idolatra o dono.
Alguém me disse que preciso temperar com mais humor os meus textos. Como?! Submerso nesta realidade opressiva, me parece que o humor seria um escárnio contra os que padecem debaixo dos meus olhos fugitivos.
Escrita e pensamento
A memória como construção da alma.
A Praça Xavier de Brito faz parte da memória afetiva do Tijucano.
Uma visita inesperada a um bordel do Centro do Rio.