Se no Brasil ainda existissem espaços na grande mídia que não iluminassem somente apadrinhados, compadres e uns poucos privilegiados, talvez o meu livro chegasse longe;

Se no Brasil ainda existissem espaços na grande mídia que não iluminassem somente apadrinhados, compadres e uns poucos privilegiados, talvez o meu livro chegasse longe;
Para quem você escreve? Por que você escreve? Questões que badalam como sinos eclesiásticos na mente de quem está diante da página em branco.
Vivemos um tempo de perdas sequenciais que nos empurram a quedas emocionais incessantes. Estamos numa montanha-russa, experimentando a tragédia ininterrupta e inesperada de uma roleta-russa.
Há em todos nós um bajulador incontido e obsessivo. Porém, o brasileiro não é sabujo de qualquer um, é preciso que ele identifique algum lastro de nobreza que faça valer o esforço. Se olha para baixo, o brasileiro sente um irrefreável impulso de cuspir na cabeça da plebe; mas caso seja obrigado a olhar para cima, ele lambe os pés alheios com a saliva eufórica do cão que idolatra o dono.
Alguém me disse que preciso temperar com mais humor os meus textos. Como?! Submerso nesta realidade opressiva, me parece que o humor seria um escárnio contra os que padecem debaixo dos meus olhos fugitivos.
A história de Caramuru, um músico cego sob o reinado de Dom Pedro II (texto que participou do Concurso de Contos Paulo Leminski, em Curitiba).
A desconstrução da cultura por um governo inimigo da educação.
Um governo amante da morte e da ignorância.