Se no Brasil ainda existissem espaços na grande mídia que não iluminassem somente apadrinhados, compadres e uns poucos privilegiados, talvez o meu livro chegasse longe;

Se no Brasil ainda existissem espaços na grande mídia que não iluminassem somente apadrinhados, compadres e uns poucos privilegiados, talvez o meu livro chegasse longe;
Vivemos um tempo de perdas sequenciais que nos empurram a quedas emocionais incessantes. Estamos numa montanha-russa, experimentando a tragédia ininterrupta e inesperada de uma roleta-russa.
Qualquer um irá considerar bizarro se eu disser que esperava cair nesta situação. É verdade, antecipei o meu próprio infortúnio e sabia quando ele começaria a se desenhar. Morre pai, morre mãe, a família se fragmenta, o desemprego, perde-se o pouco patrimônio, ganha-se dívidas impagáveis. Resta aquela que é o único acolhimento possível: a rua.
Alguém me disse que preciso temperar com mais humor os meus textos. Como?! Submerso nesta realidade opressiva, me parece que o humor seria um escárnio contra os que padecem debaixo dos meus olhos fugitivos.
Uma história dos subterrâneos da nossa miséria cotidiana.
Um governo amante da morte e da ignorância.